(Luiz Calcagno)
O sol encontra a noite,
No último segundo,
Ele quer beijar a Lua,
Em extase profundo.
Em plena agonia,
A Lua que se põe,
Vê nascer heróico Sol,
Remoto leste que se opõe.
E enquanto ele se parte,
E se vai contra a vontade,
Ela sente pleno em peito,
Dor de fogo que lhe invade.
Ele pinta o horizonte,
o crepúsculo da amada,
E deixa a linha que divide,
A distância encantada.
Ela sempre se transmuta,
Nessa dança do destino,
Cheia, curva, alva, negra,
Ela some em desatino.
Ai do Sol viver a Lua,
Pobre Lua que quer Sol,
Dois amantes, um umbral,
Se fitando em caracol.
Corpo e alma, eternamente,
Esse duplo é admirável,
Se fizessem minha'vontade:
Beijo pleno e incansável,
Nasceria então o filho,
Que o destino desejou.
O seu leito seria a nuvem,
Fecunda estrela do amor.
II
Dente de Leão
(Ao meu amigo Denny)
A vida é dente de leão.
Que parte carne,
Que rói músculo,
Que corta a respiração.
Osso canino atroz,
Faca sagaz afiada,
Conjunto de presas mortais,
Que ceifa a vida veloz.
A vida é dente de leão.
Suave, brando, delicado.
Eu toco, eu ergo, eu sopro,
Ele se desfaz em imensidão.
A vida é dente de leão.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Destino Certo
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