sexta-feira, 26 de março de 2010

Cândida Distância

Que chama lateja e queima?
Trepida sobre a pele trêmula e escorre.
Que chama vermelha de fricção,
Carne ferida, assada, engole?

Que chama dolorosa de amor?
Que amor pungente?
Que poder latente?
Que uma hora desperta,
E na outra adormece?

A febre fria das paixões,
A distância cândida da alma,
O trotar caótico das palavras,
Que chocam-nos contra as paredes.
Amor, amor, amor lascinante,
Lascera os olhos,
Faz brotar as lágrimas e derrubar estantes.

Essa dor profunda que faz nascer rebentos,
Que arranca almas do além,
Que devolve âmagos ao corpo físico,
Abandono da existência. Largo do mundo,
Raso ou profundo...

Ai amor louco de palavras loucas,
De palavreado duro,
De canções complicadas,
De ritmos, de festas, de velórios e alvoradas,
Amor da aurora, d'Estrela Dalva,
Amor de poesias, sem cargas pesadas,

Amor assim, simples, azul turquesa,
Nos quartos em reforma,
Nas camisas pintadas a mão,
Nos pés descalços emáquinas fotográficas,
Nas tardes de domingo.
Assim...
Simplesmente...
Amor.

3 comentários:

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